Pai de duas filhas adotivas, de 7 anos e 9
anos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho, defendeu hoje (7) mais agilidade nos processos de
adoção de crianças no Brasil. “Temos que buscar simplificar os
procedimentos e dotar as varas da Infância e todo o processo (para
adoção) de gente com qualificação suficiente. Fiquei três anos na fila
da adoção, há gente que fica cinco anos, seis anos e há tantas crianças
que precisam ser adotadas”, disse o ministro.
De acordo com Gilberto Carvalho, que participou da abertura do
17° Encontro Nacional de Apoio à Adoção, representando a presidenta
Dilma Rousseff, o governo tem adotado medidas para facilitar os trâmites
e está preparando uma campanha nacional para estimular a adoção de
crianças e adolescentes. “A presidenta Dilma se comprometeu a fazer uma
grande campanha nacional de adoção, o grande trabalho de conscientização
da maravilha que é a adoção, de criar uma cultura da refamiliarização
das crianças.\"
A melhoria dos abrigos e a redução do tempo de espera na fila de
adoção para pais e crianças também fazem parte da política do governo.
Em carta lida por Carvalho, a presidenta disse que as crianças que vivem
fora do convívio familiar estão entre os grupos mais vulneráveis e que
tem trabalhado para melhorar essas condições. “Desde o primeiro dia do
meu mandato, temos fortalecido as ações e políticas de atenção e
proteção às nossas crianças e aos nossos jovens, principalmente os mais
pobres.\"
Na carta, Dilma louva o slogan \"Unir para Cuidar\" e parabeniza
os organizadores do encontro. “Debater e criar ações de estímulo à
adoção nos permitirá dar novos passos na garantia dos direitos de
milhares de crianças e adolescentes brasileiros que vivem nas
instituições de acolhimento em todo o país.\"
Segundo o ministro, o principal entrave a ser vencido é o tempo
de espera e a solução para resolver esse problema é um parceria entre os
Três Poderes. “O Executivo e o Judiciário, sempre com o
apoio do Legislativo, podem ajudar a resolver essa questão e acelerar
esse processo. O que é feito hoje em três anos, quatro anos, pode
perfeitamente ser realizado em um ano, sem que se rompam os
procedimentos necessários, porque a adoção é cercada de cuidados.\"
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Carlos Ayres Britto, que também participou do evento, prometeu
se empenhar para reduzir o tempo e a burocracia nos processos de adoção.
“Em nome do Judiciário brasileiro, compreendendo de modo especial o STF e o Conselho Nacional de Justiça,
essas duas instituições que são casas de fazer destino, me coloco à
disposição para colaborar e contribuir para facilitar os processos
judiciais de adoção. A adoção é um direito que tem a criança de
permanecer a um grupo familiar”, disse.
O professor Leonardo Boff partilha da opinião de Carvalho e de
Britto e defende mecanismos mais ágeis para facilitar às crianças o
acesso a uma família. “Às vezes demoram quatro anos ou cinco anos para
que se crie a condição de adoção, as crianças já estão grandes e as
pessoas desistem. A esperança é que a Justiça se mobilize para tornar o mais rápido possível a realização de um direito, que é ter uma família.\"
Em palestra para mais de 600 pessoas que assistiram a abertura do
evento, Leonardo Boff disse que a adoção não é um mero ato jurídico,
tem que “nascer do amor, do profundo sentimento do cuidado”. Teólogo,
Boff citou que o primeiro exemplo de adoção foi o de São José, que
adotou “o filho de Deus”.
Apesar da demora do atual sistema de adoção, o ministro e pai
adotivo Gilberto Carvalho, diz que a espera vale a pena. “ Nossa vida
mudou, é uma nova energia que chega a sua casa, te rejuvenesce, te dá
essa alegria de ser chamado de pai de novo. Tenho três filhos naturais, é
uma coisa maravilhosa”.
O encontro aberto hoje para discutir a adoção vai até sábado (9) e
será encerrado pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria
do Rosário.
Fonte: JORNAL DE BRASÍLIA
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